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A Justiça de Deus

As provações do mundo se manifestam sob dois aspectos principais, dentro do Mal e dentro do Bem. Porque, por ser maus, sofremos e, por ser bons, sofremos. O Evangelho de Cristo nos aconselha que "preferível é sofrer por bons que sofrer por maus". A Justiça de Deus abrange os dois aspectos.

O problema está resolvido quando chegamos a distinguir claramente o Bem e o Mal, ou nos termos propriamente evangélicos, quando discernimos o Bem do Mal, pois o mesmo menino Jesus deu começo a esse trabalho de consciência, já que as Escrituras nos relatam que, desde pequeno, se lhe deu a beber mel e acibar para que chegasse a discernir entre o Bem e o Mal.

Poderão fugir os homens a esse trabalho de raciocínio? Impossível. Do contrário se encontrariam, como se encontram muitos, num estado caótico, de completa confusão, invertendo constantemente os lugares do Bem e do Mal, ou seja, sem compreensão, tomando o Mal pelo Bem e ao contrário.

Podemos realizar esse trabalho de raciocínio abandonados à nossa própria sorte, como marinheiros sem bússola, em meio do mar tempestuoso da vida deste mundo? Jamais.

Temos um Guia, Jesus Cristo. Ele nos ensinou com a Sua palavra e com o Seu exemplo.

Aprendamos a discernir com Ele e, embora nos consideremos filhos de Deus, tomemos a forma de servos e façamo-nos obedientes à Sua Vontade até a morte. Renunciemos à nossa vontade humana, para que se faça em nós a Vontade Divina, a Vontade de Cristo, a nossa Verdadeira Vontade, como Jesus Cristo, antes de ser pendurado na cruz, falando três vezes consecutivas nos declarou.

Sejamos fiéis imitadores dos Apóstolos, como Eles o foram de Cristo. Os Santos Apóstolos e Discípulos do Senhor se declararam servos de Deus, prisioneiros da Vontade do Altíssimo.

E saibamos discernir que não pode haver liberdade, "Livre-arbítrio", nos servos do Senhor; isto evangelicamente se denomina a "Lei do Cristo". O contrário, fazendo o mundo as suas vontades, é estar na Lei de Liberdade.

A este respeito, devemos ter presente as palavras de São Paulo: "Dentro da Lei de Liberdade ninguém se salva".

Lembremo-nos das palavras do Senhor: "Não façais as vontades dos vossos pensamentos, nem os desejos da vossa carne".

Todos os pensamentos, em geral, contrários à "Lei de Cristo", serão simplesmente humanos e, neste sentido, temos esta outra advertência de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Não sigais doutrinas dos homens nem doutrinas dos espíritos".

Se por Adão temos a tradição de nossa liberdade humana, por Cristo temos a tradição da Obediência à Vontade do Pai, como fica evidenciado com as palavras que seguem: "Se por um só homem, Adão, o pecado entrou no mundo e pelo pecado a morte e esta assim gerou a todos os homens, porquanto todos pecaram, assim, também, por um só obediente, o Cristo, muitos serão salvos".

Meditemos, não nos deixemos seduzir pela odiosa "razão humana" ou "bom senso" em assuntos espirituais. Para nós que temos fé em Cristo e na Sua Divindade, a Sua Razão deve ser a nossa razão, para que a Sua Consciência seja a nossa consciência e jamais o contrário, para que, desta maneira, Ele viva em nós verdadeiramente, executando Sua Vontade Divina em nós e, destarte, possamos alcançar as Suas Divinais e Grandes Promessas...

(*) Publicado no Correio do Povo em 04 de abril de 1947.

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