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A Divindade Redentora

No mundo não havia salvação. A humanidade tinha-se desviado por causa dos maus sacerdotes... Esperava-se a vinda do anunciado Messias, Jesus, o Cristo, o Redentor do mundo, o Filho do Altíssimo... E, quando Ele nasce, o clero, as dignidades da igreja não saem a receber o Menino-Deus. A autoridade civil, representada por Herodes, persegue-o de morte. As duas potências que governam o mundo não puderam reconhecer o próprio Criador, a quem adoravam em multíplices formas.

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O povo israelita, escolhido por Deus, tinha se tornado rebelde; havia anulado a Lei e os Profetas e estava dividido em muitas seitas.

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Porém, um reduzido número de homens, entre os quais se encontrava José de Arimatéia, o possuidor da maior fortuna daquele tempo em Jerusalém, acredita na Doutrina pregada por Jesus. Mas, a maioria do povo, seduzida pelas autoridades religiosas, desde Caifaz, o Sumo Sacerdote, condena-o à morte, por aquilo a que qualificam de "revoltoso" e que era o acusá-los de terem convertido a casa de seu Pai em "covil de salteadores".

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Jesus foi crucificado entre dois malfeitores, sem se ter empregado sequer as formalidades dum processo, sendo Ele a encarnação da Pureza, da Virtude, da Verdade, do Espírito Santo de Deus.

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Nada foi tomado em consideração. Os seus milagres foram atribuídos às forças demoníacas. Os atos mais relevantes de sua vida inimitável foram ocultados ao povo. Recorreu-se a toda classe de artifícios, de erros, de enganos e calúnias, para desprestigiar sua Doutrina incomparável de amor a Deus e aos seus semelhantes, de submissão, de humildade real, de renúncia "às vontades dos pensamentos e aos desejos da carne", para se sujeitar à Vontade Divina, caminho cuja sublimidade não podia ser compreendida por um povo cheio de vaidades, de paixões e de luxúria.

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Com a morte de Jesus não cessou a perseguição, continuando esta até com os Apóstolos e discípulos do Senhor.

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Os povos pagãos, identificados em seus instintos com o povo israelita, também perseguiram de morte os arautos do Evangelho de Cristo. O Coliseu romano nos lembra as atrocidades perpetradas contra milhares de mártires do Cristianismo.

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A terra conspirava contra o Céu, impulsionada pelo fanatismo, o vício e o crime, e pelo egoísmo dos "interesses criados".

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Passaram os anos e, depois, os séculos. Em geral, todas as religiões, todas as seitas, pregam a Moral. E todo o trabalho é em vão, porque, no final de vinte séculos, os homens inverteram os postulados de Jesus Cristo: "Amai-vos uns aos outros" foi convertido, na prática, em "Destruí-vos uns aos outros". Em suma, Seus Mandamentos e Estatutos não foram cumpridos!

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E, em lógica consequência, multiplicou-se a maldade, em conformidade com as profecias. E "os tempos angustiosos", "os tempos difíceis" se manifestam em nossos dias.

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Mas, em meio deste caos em que se encontra o mundo, se levantam vozes em toda a parte, clamando por uma reforma geral para o após-guerra. Todos os homens de talento e de sentimentos verdadeiramente sadios, reconhecem que a humanidade está submergida na penumbra do erro e que deverão ser abandonadas as normas empregadas, por serem inadaptáveis à consciência nova que vai surgindo em todas as nações, como resultado de tantos séculos de experiência. Isto é, modelar a consciência da humanidade mediante leis de respeito e cooperação mútua entre as nações, para tornar impossível a realização de novas guerras com todas as suas calamitosas consequências.

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Com o triunfo da Democracia, as nações terão imensa tarefa a realizar: a reconstrução do mundo. E, então, será possível restabelecer a Verdade, que é a maior das religiões, a força gigantesca que conduz à felicidade eterna, a excelsa Divindade Redentora do mundo!           

 

(*) Publicado no Correio do Povo em 23 de abril de 1943.

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